Na praça, ao lado de um lago localizado no lado leste da capital, uma multidão de jovens garotos e garotas podia ser vista. Eles eram os aspirantes a alunos da Academia Real e esperavam pacientemente pelo início do processo de inscrição.
William literalmente se destacava da multidão porque estava montado em uma Cabra Angoriana de um metro e meio de altura. Quase todos ao seu redor olhavam para ele com diversas expressões.
Embora William estivesse vestindo roupas simples, sua postura e boa aparência faziam dele uma dor nos olhos para os garotos e um colírio para as garotas.
William era alguém que gostava de atenção, então ele fez questão de aproveitar ao máximo. Ele acenava, sorria e piscava para as garotas bonitas que o olhavam com olhos brilhantes. Quanto aos garotos? Ele os ignorava completamente, o que fazia com que os coitados o amaldiçoassem em seus corações.
“Hah~ que exibido,” Ian zombou de onde estava.
“Eu achei que William se sentiria deslocado, mas parece que ele está aproveitando a atenção das garotas bonitas,” Isaac sorriu de lado.
“Ele deveria tentar ser discreto pela primeira vez,” Est resmungou, estreitando os olhos. “Se continuar assim, ele vai acabar sendo isolado se for aceito na academia.”
As três crianças observavam William da carruagem que estava estacionada não muito longe da praça. Os três já haviam se matriculado na Academia Real. Devido às circunstâncias especiais de Est, ele e seus dois companheiros receberam permissão para pular os testes dos novos alunos e se matricular diretamente.
Todos os anos, milhares de crianças e adolescentes se reuniam nessa praça para participar do processo de seleção da Academia Real. Apenas aqueles que possuíam certas qualificações eram admitidos na Academia Real do Reino de Hellan.
Quando o sol estava prestes a atingir seu zênite, um homem de meia-idade, vestindo um manto roxo, voou acima da multidão e fez um anúncio.
“Todos, obrigado por virem. O primeiro teste da Academia Real está prestes a começar,” o homem de meia-idade anunciou. “O primeiro teste é simples. Tudo o que vocês precisam fazer é atravessar a Ponte da Força de Vontade, e então poderão realizar o próximo teste. Aqueles que falharem serão automaticamente desqualificados da inscrição na academia deste ano.”
Como se estivesse esperando ele terminar seu anúncio, uma ponte majestosa começou a aparecer magicamente do outro lado do lago. Sua extremidade se curvou para cima e se estendeu até a praça. Quando a ponte se formou completamente, o homem de meia-idade levantou a mão e anunciou o início do primeiro teste.
Todos que planejavam se inscrever na academia correram para a ponte. William observou a multidão, mas não parecia ter pressa em participar. Ele planejava primeiro observar para ver que tipo de desafio a ponte impunha àqueles que ousavam atravessá-la.
O primeiro grupo de crianças conseguiu percorrer um quarto da ponte antes de começar a desacelerar. Era como se uma forte pressão estivesse pesando sobre seus ombros, tornando cada passo uma tarefa gigantesca.
Claro, havia aqueles que ignoravam essa pressão e caminhavam com passos constantes. Após cinco minutos de espera, mais da metade dos desafiantes já não conseguia seguir em frente. Alguns estavam suando em bicas, enquanto outros cerravam os dentes.
Todos faziam o possível para resistir, mas alguns já haviam atingido seu limite.
As crianças que perderam suas forças e determinação foram automaticamente teleportadas de volta para a praça. William observou enquanto algumas delas caíam de joelhos no chão, ofegantes. Algumas começaram a chorar, o que tornou a atmosfera ainda mais deprimente.
William suspirou e acariciou o pescoço de sua Mama Ella.
“Mama, vamos lá.”
“Meeeeh.”
Ella caminhou até a ponte com passos firmes. O homem de meia-idade, que era o examinador do teste, olhou para William com uma expressão divertida. Não era a primeira vez que ele via alguém usar uma besta espiritual para desafiar o primeiro teste, mas era a primeira vez que via uma Cabra Angoriana doméstica enfrentando o desafio junto com seu mestre.
Não havia nenhuma regra que proibisse Bestas Espirituais ou qualquer outro tipo de criatura de participar do teste.
Ella pisou na ponte com confiança. Cada passo era dado no mesmo ritmo. William e ela não estavam com pressa. Ambos observavam as crianças que estavam à frente deles.
O número de candidatos que conseguiu chegar à metade da ponte diminuiu novamente. Dessa vez, menos de cem ainda conseguiam seguir em frente. Logo, William e Ella também ultrapassaram a marca da metade do teste.
William começou a sentir uma certa pressão pesando sobre ele, mas não era nada demais. Não se comparava à tortura que ele havia sofrido nas mãos de sua Mestra, Celine, para aumentar sua resistência contra maldições e venenos.
As crianças que estavam lutando para avançar ergueram a cabeça para olhar para William, que parecia estar tendo muita facilidade. Algumas sentiram inveja, enquanto outras acharam injusto.
O que elas não sabiam era que William e Ella estavam suportando o dobro da pressão que essas crianças estavam enfrentando. O motivo? O efeito do teste se acumulava se alguém usasse uma montaria para atravessá-lo.
Esse era um segredo conhecido apenas pelos examinadores da Academia Real. O homem de meia-idade assentiu em aprovação enquanto observava William.
‘Parece que temos algumas joias brutas este ano,’ pensou o examinador. ‘Espero que todos consigam passar pela última prova.’
Quando Ella finalmente pisou do outro lado do lago, o teste terminou. Como William foi o último a participar, sua chegada marcou o fim da prova.
“Antes de tudo, quero parabenizá-los,” disse o homem de meia-idade com um sorriso. “Dos milhares que vieram este ano, apenas cinquenta conseguiram passar no primeiro teste. No entanto, quero lembrá-los de que isso é apenas o começo. Ainda restam mais quatro provas antes que possam se matricular na Academia Real.”
O homem de meia-idade ergueu a mão, e todos os alunos começaram a flutuar no ar. “Agora os levarei até o local da segunda prova.”
O examinador não disse mais nada e voou para o leste. Os alunos o seguiram, cada um com uma expressão determinada no rosto. Logo, eles sobrevoaram uma floresta localizada fora da cidade.
Após mais cinco minutos de voo, o homem de meia-idade pousou em uma pequena clareira próxima ao centro da floresta. Quando todos estavam firmes no chão, ele apontou para uma bandeira tremulando à distância.
“O próximo teste consiste em alcançar aquela bandeira dentro de quatro horas,” explicou o examinador. “Saibam que esta floresta é habitada por Bestas Espirituais, e elas atacarão caso cruzem seus caminhos. A segunda prova serve para testar a capacidade de alcançar um objetivo, apesar das adversidades.”
O homem de meia-idade entregou um cristal roxo para cada criança que participava da prova.
“Se quiserem desistir, basta esmagar o cristal em suas mãos. A equipe da escola virá imediatamente ao resgate,” declarou o examinador. “Vocês só têm uma vida, então a valorizem bem. Nos encontraremos na linha de chegada.”
Dizendo isso, o examinador deixou as crianças para se virarem sozinhas. Um jovem em particular bufou e seguiu confiante na direção da bandeira. Só por sua postura, era evidente que ele não temia as Bestas Espirituais que espreitavam na floresta.
William, por outro lado, estreitou os olhos. Como alguém que já enfrentou Bestas Centenárias e Milenares, ele era bastante sensível à presença de criaturas poderosas.
Havia algo na floresta observando-os de longe. William não conseguia vê-lo, mas sabia que era muito forte. O que o intrigava era que a Besta estava deliberadamente deixando sua presença ser sentida, em vez de se ocultar.
No entanto, apenas aqueles com sentidos extremamente aguçados ou que já haviam enfrentado batalhas de vida ou morte poderiam percebê-la.
“Mama Ella, é melhor evitarmos isso,” William disse em um tom que só Ella conseguiu ouvir.
“Meeeeh.” Ella assentiu em concordância.
A Cabra Angoriana seguiu para o outro lado da floresta. O caminho que William escolheu não era a rota direta para a bandeira. Em vez disso, ele planejava dar um desvio para evitar a presença ameaçadora que aguardava ao longo da rota mais curta até o destino.