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Release that Witch – Capítulo 831

Uma Decisão sem Arrependimentos

Dois dias depois, um Navio de Concreto de aparência estranha partiu lentamente da doca da Cidade de Primavera Eterna, em direção às Montanhas Nevadas. No convés do navio, havia um grande monte, que parecia uma colina móvel. Esse monte estava coberto por serapilheiras[1] e protegida por soldados fortemente armados em ambos os lados do navio. Também havia mais de dez Bruxas da Punição Divina.

O nome do navio era “Vitória”. Este navio transferiria o Núcleo de Almas para as Montanhas Nevadas, onde as bruxas de Taquila fariam a cerimônia de encarnação e seriam integradas aos Vermes Devoradores.

Por pura confidencialidade, as bruxas não se despediram. Nenhum apito foi ouvido quando o navio zarpou, e até mesmo o carregamento do navio havia sido feito na madrugada do dia anterior para que não fosse notado por ninguém.

Roland estava de pé na doca construída de tijolos e tábuas, observando o navio desaparecer à distância. Ele sabia que, assim que a cerimônia de encarnação terminasse, haveria três Vermes Devoradores na Cidade de Primavera Eterna, o que ajudaria bastante na construção municipal e no projeto da linha defensiva. No entanto, inesperadamente, Roland não estava muito feliz com isso.

As duas bruxas voluntárias se chamavam Jasmine e Lyra. Pela aparência original delas no Mundo dos Sonhos, elas pareciam ter uns vinte anos de idade, quase a mesma que a de Tilly. Todas as duas eram extrovertidas.

Para fazê-las terem o melhor dia de suas vidas, Roland havia levado as duas garotas, junto com Phyllis e as outras bruxas, para o parque de diversões, onde elas foram na roda-gigante, montanha-russa, casa assombrada (onde Jasmine quase quebrou a cabeça do fantasma com um soco) e no kamikaze. Ele também permitiu que elas comessem tudo o que quisessem. Se Roland não tivesse ganhado dinheiro matando Servos do Diabo alguns dias atrás, ele provavelmente teria ficado pobre de marré de ci.

Jasmine e Lyra, nos últimos dois dias, haviam ficado extremamente chocadas, mas elas haviam seguido Roland obedientemente sem fazer nenhuma pergunta. Elas gritaram como todo mundo quando a montanha-russa fez aqueles giros malucos e riram como qualquer garota quando provaram um sundae de morango. Resumindo, elas não eram diferentes das pessoas normais.

Se Roland não soubesse de nada, ele nunca teria imaginado que essas duas garotas haviam decidido se sacrificar em nome da batalha contra os demônios, assim como a decisão que elas haviam tomado quatrocentos anos atrás nas ruínas subterrâneas.

Quando os dois dias no Mundo dos Sonhos terminaram, as duas garotas pareciam mais serenas do que Roland havia imaginado.

Roland queria consolar as duas garotas, mas as palavras ficaram engasgadas na sua garganta. Não havia motivo para fazê-las desistir de se transformarem em Vermes Devoradores, já que não cabia a ele decidir isso. Palavras, a essa altura, se tornariam mais um insulto do que gentileza.

No final, Roland foi o único que precisou ser consolado.

Ele ainda se lembrava das palavras e expressões de alegria dessas duas garotas.

— Obrigada. — Jasmine, antes de sair do Mundo dos Sonhos, havia dito com um sorriso. — E…

— Nós não nos arrependemos. — Lyra completou as palavras de Jasmine.

Elas gostavam de tudo no Mundo dos Sonhos.

Mas elas não se arrependeram da decisão que tomaram.

— Vossa Majestade? — Phyllis, que veio buscar suas colegas, olhou para Roland. — O senhor não vai voltar… pro castelo?

As palavras de Phyllis trouxeram Roland de volta à realidade. Quando ele caiu em si, o Navio “Vitória” havia desaparecido de seu campo de visão, deixando apenas pequenos rastros de fumaça para trás.

Roland descartou seus pensamentos. Ele respirou profundamente e perguntou:

— Elas realmente não conseguem se desconectar dos Portadores Originais após serem integradas?

Entendendo as aflições de Roland, Phyllis abaixou a voz e respondeu:

— Uma Bruxa da Punição Divina é diferente de um Portador Original. Os receptáculos dos Guerreiros da Punição Divina retém uma consciência básica mesmo sem uma Transferência de Alma. Nossa conversão em Bruxas da Punição Divina é mais como dar comandos do que uma fusão por completo. Mas os Portadores Originais são diferentes. Eles são receptáculos que selam a alma permanentemente quando a integração é concluída, embora esses receptáculos adormeçam se não forem usados por muito tempo. Ninguém nunca conseguiu extrair a alma de um Portador Original, pelo menos não até agora, nem mesmo Pasha consegue fazer isso.

— Mas tem feixes de luz acima dos Portadores, não tem?

— Sim, tem. — Phyllis assentiu com a cabeça. — Sem poder mágico, esses Seres-de-Tentáculos não conseguiriam se mover de forma independente.

— Talvez um dia a gente consiga encontrar um jeito de levar a alma delas para o Mundo dos Sonhos. — Roland olhou para o céu azul à distância e disse lentamente.

Após um momento de silêncio, Phyllis olhou na mesma direção de Roland e disse:

— É… Talvez um dia.

Para Olga, as selvas cobertas por neve da Região Oeste eram paisagens completamente novas.

Mais de uma vez, comerciantes lhe haviam contado sobre as neves do norte, que pareciam um deserto de areia branca e congelante. Agora vendo pessoalmente, no entanto, ela descobriu que a neve era mais fina e branca do que ela imaginava.

O mundo inteiro estava envolto em cores diferentes.

De acordo com Cinzas, embora os Meses dos Demônios já tivessem terminado, demoraria cerca de quinze dias para a neve derreter completamente.

Era exatamente isso o que Olga queria, já que, nesse caso, ela conseguiria ver as cidades cobertas por neve.

Havia poucas coisas que podiam ocupar a mente dela nessa viagem. Olga havia vasculhado todos os cantos do Navio de Aço, mas não havia conseguido encontrar o mecanismo que fazia a embarcação se mover. Até Andrea não sabia a resposta. A bruxa loira só disse evasivamente que uma máquina que constantemente fervia água empurrava o navio para frente. Quanto aos detalhes mecânicos, Olga foi informada de que apenas o Rei Roland e a Senhorita Anna sabiam disso.

Olga não sabia muito sobre o Rei Roland, mas ela soube de Cinzas que a Senhorita Anna ocupava uma posição muito importante na “Classificação de Força da Cidade de Primavera Eterna”.

A Princesa Olga do Clã Chama-Selvagem, portanto, ficou muito impressionada e passou a ficar mais interessada nessa bruxa poderosa e inteligente chamada Anna.

Quando ela mencionou a “Classificação de Força da Cidade de Primavera Eterna” para Andrea, a bruxa loira sorriu com desdém.

— Uma Classificação de Força? — Andrea revirou os olhos, virando o rosto. — Um homem é diferente de um lobo. Nenhum indivíduo pode competir com um grupo de pessoas. É meio que animalesco querer enfatizar apenas a capacidade de luta individual.

— Mas os lobos também são animais sociais. — Olga a corrigiu.

— Bem, certo. Então escolha outro animal como exemplo, como tigres e leopardos da neve. — Andrea tossiu. — Enfim, Anna é a fonte de poder da Cidade de Primavera Eterna. Foi a habilidade de Anna que permitiu que o Primeiro Exército esmagasse os Cães de Guarda e eliminasse o Clã Chicote de Ferro no Extremo Sul. Eu aposto que Cinzas não te contou que ela quase foi morta por um homem comum numa batalha.

Como Andrea havia imaginado, a Mulher-Loba foi pega de surpresa. Andrea continuou:

— Esse homem comum usou uma arma feita por Anna. É impossível falar de capacidade de luta sem levar em conta essas armas. Se você quiser ficar forte, sugiro que você peça a Sua Majestade para arranjar-lhe um conjunto de armas profissionais. — Com essas palavras, Andrea acariciou sua arma de cano longo nas costas e disse: — Se você conseguir carregar uma arma como essa nas costas após sua transformação, isso será mais útil do que qualquer habilidade de combate.

Olga não concordava totalmente com Andrea, mas ela guardou esse conselho no seu coração.

O pai dela dizia frequentemente que ela devia ouvir e observar, claro, nunca se esquecendo do que ela queria em primeiro lugar.

Quando a embarcação navegava contra a corrente e ondas crescentes, o Navio de Aço desacelerava drasticamente. No quinto dia após entrarem na Região Oeste, a Mulher-Loba viu um pombo gordo, grande e bonito.

O pombo voou pelos ares por um bom tempo antes de dar uma rasante e pousar na proa do navio.

Quando Olga já planejava capturar o pombo para fazer um lanche, ela percebeu um sorriso no rosto de Cinzas, que tirou um saquinho de carne do bolso e alimentou o pombo. O pombo, por sua vez, esfregou a cabecinha em Cinzas, como se fossem velhas amigas que não se viam há muito tempo. Foi só quando o pombo começou a falar que Olga percebeu que ali era uma bruxa.

— Pruu! Pruu! Pruu!

— Entendi. Diga à Princesa Tilly que eu logo estarei lá.

— E eu também! — Andrea não gostava de ser deixada para trás.

— Pruu!

O pombo assentiu com a cabecinha, estendeu as asas e alçou voo. Em seguida, logo desapareceu no horizonte ao noroeste.

Olga perguntou:

— Ela é…

Cinzas olhou para Olga e disse:

— Ela é Maggie. Assim como você, ela também é uma bruxa que pode transformar o corpo completamente.

Entendo. — Olga pensou, mas logo ela se lembrou de que Maggie deveria ser um monstro gigante, assustador, agressivo e feroz. Ela se perguntou por que Maggie estava na forma de um pombo.

Enquanto a Princesa Olga estava perdida em pensamentos, Cinzas colocou a mão no ombro dela e disse:

— Hora de arrumar seus pertences. Logo chegaremos na Cidade de Primavera Eterna.


[1] – Pano de estopa grosseira, destinado à embalagem de fardos e à limpeza.


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