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The Beginning After The End – História Secundária – Capítulo 10

Agora Mais do Que Nunca

JASMINE FLAMESWORTH

Uma coisa boa de encontrar a garota foi que, Dalmore parecia ter esquecido que ele me expulsou. O estalajadeiro não reclamou quando passei a noite no meu antigo quarto e até me trouxe uma tigela de mingau logo de manhã.

Essa lama comestível não era exatamente minha refeição favorita, mas era melhor do que nada.

“Então.” Eu disse depois de dar uma colherada. “Sua mãe te ensinou todas essas coisas sobre plantas e ervas?”

A garota assentiu vigorosamente. “Papai era um mago, mas o talento da mamãe era com plantas. Não magia de plantas, como eu, mas saber coisas sobre elas. Acho que ela sabia o nome e o propósito de cada planta na floresta de Elshire.”

A garota parou e pegou uma lasca solta de madeira saindo da borda da mesa. “Ela me ensinou sobre plantas e papai me ensinou sobre magia. Eu não nasci como uma emissora, mas sempre quis cuidar das pessoas, quando elas se machucavam ou ficavam doentes.” Ela zombou de uma forma que lembrou de mim mesma.

“O que há de errado nisso?” Perguntei desconfortavelmente. A conversa parecia que estava tendo indo para um desabafo, de coração para coração.

Ela encontrou meus olhos por apenas um segundo, então olhou de volta para sua lasca. “Parece um pouco bobo agora, não é?”

“Na verdade.” Eu disse lentamente, sem saber exatamente o que eu ia dizer. “Parece que nós precisamos de emissores e ajudantes agora mais do que nunca.”

Ela olhou para cima, seu rosto esbanjando esperança. “Sério? Papai sempre me disse que o tudo precisava ser feito com cuidado e todos tinham que trabalhar juntos para isso. É… por isso que ele e meus irmãos ficaram para lutar, mesmo não sendo soldados.”

Eu abri minha boca para dizer… alguma coisa, mas a garota continuou.

“Nós conversávamos muito. Eu, mamãe, papai e meus irmãos íamos juntos caminhar na floresta e eles nos contavam tudo o que víamos, para que servia, o que precisava de nós em troca. Papai sempre dizia que ‘Tudo tem seu propósito’.” Ela sorriu, infantilidade e inocência estavam muito aparentes em seu sorriso. “E então, mamãe acrescentava: ‘Mesmo que esse propósito seja apenas ser bonito, como seu pai’.”

A elfa deu uma risadinha, embora estivesse à beira das lágrimas.

“Isso é… lindo.” Eu disse suavemente, então me encolhi com o quão estranho isso soou vindo de mim. “Sua família parece ser ótima.”

Ela ergueu o queixo e enxugou uma lágrima. “Sim, era perfeita.”

Terminamos nosso café da manhã em silêncio antes de a garota perguntar: “Jasmine, a gente vai fazer agora?”

Eu estava prestes a sugerir que saíssemos para uma caminhada quando percebi que não era isso que ela queria dizer. O que íamos fazer?

Idealmente, alguma família élfica da Muralha poderia recebe-la e cria-la, mas não havia elfos aqui. Com base na reação da costureira ao meu simples pedido de roupas, duvidei que alguém fosse caridoso o suficiente para assumir uma boca extra. As pessoas já tem muitos problemas para se pensar e adicionar nessa lista uma boca a mais para alimentar, iria fazer qualquer um entrar em uma crise existencial.

Havia uma alternativa, mas eu não sabia como encontrá-los, mesmo que quisesse.

Antes de partirem, Helen me garantiu que voltariam para me checar e para ver se eu havia mudado de ideia. Se eu mantivesse a garota segura até então, ela poderia ficar com outros de sua espécie no santuário. Era mais seguro lá do que em qualquer outro lugar em Dicathen, mesmo que estivessem lutando uma batalha perdida.

Em voz alta, eu disse: “Vamos descobrir juntas.”

Antes que ela pudesse me encher de perguntas, a porta da pousada se abriu e quatro homens grandes entraram.

Eles eram soldados, vestidos com o uniforme da Divisão de Baluarte. O maior dos quatro não tinha um par de dentes.

Eles olharam ao redor do bar e, quando me notaram, os outros três começaram a rir e provocar o homem que eu tinha nocauteado. Ele fez uma careta para mim, então foi em direção ao bar, onde Dalmore estava olhando nervosamente.

“Um pouco cedo para uma bebida, não é, rapazes?” Dalmore disse com uma risada forçada.

“É pra preparar a gente contra os ventos gélidos da montanha.” Resmungou o grandalhão. “Se eu vou ficar de guarda do topo da Muralha pelas próximas dez horas, você pode apostar sua bunda que eu não vou fazer isso sóbrio.”

Todos os seus comparsas riram agradecidos quando Dalmore começou a servir-lhes canecas de cerveja.

Com a caneca na mão, ele se virou e descansou contra o bar, me observando enquanto tomava um longo gole.

“Posso te mostrar a cidade?” Sugeri à garota, embora não desviasse os olhos dos soldados.

Isso chamou a atenção dos outros soldados. “Olha, Fulk, aquela garota que arrancou seus dentes tem um animal de estimação. É um bem fofo, por sinal.”

O grandalhão, Fulk, cuspiu no chão, esvaziou a caneca e a jogou no balcão. “Onde você encontrou essa coisinha esfarrapada, Flamesworth?”

Fiquei levemente surpresa ao ouvi-lo usar meu nome e ele deve ter percebido isso.

Ele grunhiu uma risada maçante. “Ah, é verdade. Eu descobri tudo sobre você depois da última vez que nos encontramos. Pelo que ouvi, você não é do tipo de bancar a mãezona, então, o que é isso? Olhando criancinhas pra fazer um dinheirinho rápido vendendo elas? Não é do feitio dos Flamesworth lidar com uma escravidão levinha.”

Seus olhos viajaram de cima e para baixo em Camellia. Para confrontar ele, a garota olhou de volta.

“Essa aqui é magrinha demais, né? Meu primo costumava fazer um pouco de comércio com elfos. Preferia pegar eles um pouco mais jovens do que isso aqui, eu acho, mas como não tem muitos elfos por aí… fica difícil de achar mercadoria boa.” Seu rosto plano se dividiu em um sorriso cruel. “Vou te falar uma coisa, eu vendo ela pra você por duas moedas de ouro, o que acha?”

Os homens ao redor dele uivaram de tanto rir. Dei um passo em direção a eles, mas Camellia puxou meu braço. “Vamos, Jasmine. Vamos andar um pouco.”

Fulk se afastou do bar e atravessou a sala para ficar entre nós e a porta. “Qual é o problema, orelhas pontudas? Eu prometo que vou ser um bom mestre. Eu poderia usar alguém para limpar minhas coisas, tirar a lama das minhas botas, lavar meu uniforme e você não parece que come muito, de qualquer maneira.”

Dei um passo em direção ao homem grande e manuseei minhas adagas. “Some.”

Atrás do bar, Dalmore olhava em pânico. “Sumam daqui, eu não vou ter outra luta aqui! Parem com isso ou eu vou—”

“Vai o quê? Chamar os guardas?” Disse um deles com uma risada.

“Toma cuidado, Fulk.” Disse outro. “Você já não tem dente e ainda quer perder mais?”

Fulk rosnou e cerrou os punhos. “Ouvi dizer que os elfos amadurecem muito mais rápido que os humanos. Isso é verdade Flamesworth? Eu—” O homem engasgou com um grunhido ofegante.

Três passos rápidos me trouxeram bem ao lado dele e meu punho afundou em suas costelas, antes mesmo que ele pudesse levantar suas mãos carnudas para se defender. Ele se dobrou e meu joelho acertou seu nariz, gerando um som satisfatório de se ouvir, ele caiu de costas após o impacto.

Achei que seria o fim de tudo, mas Fulk lutou para ficar de pé e desembainhou sua espada.

Os outros soldados o olharam nervosos. “Ei, Fulk, a gente só tava se divertindo um pouco, não vamos—”

Seu companheiro não estava ouvindo. Seus olhos se arregalaram acima de um nariz inchado e sangrento, até que soltou um rugido e avançou em minha direção balançando sua espada, que era como borrão no ar.

Eu dei um passo para o lado e deixei a espada bater no piso de madeira, então empurrei a ponta da minha bota contra a parte plana da lâmina para mantê-la presa lá. “Você é uma vergonha para o seu uniforme.” Eu disse zombeteiramente, então dei um soco imbuído com mana em sua mandíbula.

Fulk caiu de lado e se chocou contra uma das mesas de Dalmore, esmagando-a em pequenos gravetos. Distante, ouvi o estalajadeiro gemer.

Os outros três soldados se afastaram do bar para se posicionarem protetoramente sobre Fulk, que lutava para ficar de joelhos. “Tá bom, já chega. Você está preso por agredir um membro da Divisão Bulwark , Flamesworth.”

“Vem aqui, agora!” Vociferou Dalmore, mas ele foi completamente ignorado.

“Ele que veio pra cima de mim.” Eu resmunguei, fazendo o meu melhor para soar o mais verdadeiro possível.

O soldado estava balançando a cabeça. Atrás dele, os outros dois estavam colocando Fulk em pé. “Não se importe, Flamesworth. Mais da metade da nossa unidade foi dizimada quando seu pai nos enviou para missões fora da Muralha. Mesmo sabendo que iriamos fracassar em todas as missões, ficamos e continuamos, sem pagamento, com pouca esperança. Então você, de todas as pessoas, não pode colocar as mãos em um de nós. Será que seu cérebro consegue raciocinar isso?” Seu rosto ficou vermelho enquanto ele falava.

Os guardas claramente decidiram piorar a idiotice de Fulk. Eu não acreditei inteiramente na ameaça do capitão sênior de que eu seria expulsa da cidade por ser presa novamente, mas eu não podia deixar Camellia sozinha.

Não com bandidos como estes por perto.

“Agora.” Disse ele, sua mão à deriva em direção ao cabo de sua espada. “Você está presa. Se você não vier em silêncio, nós a mataremos.”

Me virando um pouco para que eu pudesse ver Camellia, que havia se protegido com a parede mais próxima, eu disse: “Vá pegar suas coisas. Estamos indo.”

Um dos soldados já estava se movendo para interceptá-la. Puxando uma cadeira com a ponta do meu pé, dei uma cadeirada nele com todas as minhas forças, depois me joguei em direção ao guarda de rosto vermelho.

Minha mão estava no punho de sua espada antes que pudesse desembainhá-la, ele balançou para trás e tropeçou na pilha de madeira quebrada quando minha testa atingiu a ponta de seu nariz.

O atordoado Fulk o pegou e os dois homens caíram no chão com força suficiente para sacudir as canecas alinhadas na parede atrás do bar.

O quarto homem com a espada em sua mão hesitou em atacar.

Já eu, nem um pouco.

Eu liberei uma explosão condensada de mana de vento que o jogou no chão e no bar. Ele ficou completamente imóvel.

O guarda que ia atrás de Camellia se recuperou da cadeirada e sacou uma espada curta e uma longa adaga de seu cinto. As tábuas do assoalho gemeram e estalaram quando duas trepadeiras irromperam por elas e envolveram as pernas do homem.

Ele começou a golpeá-las, dando-me tempo para avançar e prender o punhal de sua espada em sua dorsal. Eu torci seu pulso até que ele uivou de dor e a espada curta caiu no chão, então cravei meu cotovelo em seu queixo.

O soldado deu um passo cambaleante para trás, ficou pendurado na videira ainda agarrada à perna e caiu para trás, soltando sua adaga e a deixando voar. Camellia correu ao redor do homem caído, indo para as escadas até o nosso quarto.

Fulk e o guarda de rosto vermelho lutavam para se levantar.

“Chega!” eu disse com firmeza. “Acabou. Some daqui com seus amiguinhos.”

Os dois homens ficaram de pé e ambos brandiram suas espadas. Fulk caminhou em minha direção cautelosamente enquanto o guarda de rosto vermelho circulava à minha esquerda, sua lâmina brilhando num tom vermelho por estar sendo infundida por mana.

Saquei minhas adagas e disse: “Ninguém precisa morrer aqui.”

Fulk gritou enquanto pegava a Mankiller com as duas mãos e descia em minha direção. Ao mesmo tempo, o soldado de rosto vermelho disparou pelo lado, empurrando meu quadril.

(NT Ricci: Mankiller seria uma arma onde o foco dela é causar a maior quantidade de dano possível com a maior força possível.)

Em vez de desviar para a direita, o que teria me deixado sem escapatória, me movi para a esquerda, por impulso. Uma adaga aparou a lâmina abrasadora enquanto a outra fazia um corte raso nas costas da mão desprotegida de Fulk.

Girando, eu coloquei um pé entre as pernas do soldado de rosto vermelho, fazendo-o tropeçar, então enfiei o punhal da minha adaga em seu ouvido.

Embora a dor do forte golpe o tenha derrubado de joelhos, ele varreu cegamente para trás com sua espada brilhante, forçando-me a esquivar. O movimento súbito enviou uma dor lancinante para um lado do meu corpo enquanto eu torcia meu torso, agravando minha ferida ainda cicatrizada.

Enquanto os dois se recuperavam, tentei novamente pôr fim à briga. “Ouçam, idiotas. Estou pegando leve com vocês e sabem disso. Vão embora logo.”

Sem palavras, os dois se aproximaram novamente. A espada do guarda de rosto vermelho ficou tão quente que começou a pegar fogo, chiando enquanto se movia.

Revirei os olhos com tanta força que doeu.

Saltando para trás, joguei as duas adagas, cada uma enrolada em um disco de vento. As espadas dos homens vieram para bloquear e eu pulei para frente, construindo um ciclone com mana de vento ao meu redor que jogou cadeiras do outro lado da sala e derrubou as mesas.

Parando de repente a apenas alguns metros de Fulk e seu companheiro, quase diretamente entre eles, os empurrei para longe com o ciclone. Pegou os dois homens e os arremessou pela sala da pousada, girando e caindo como bonecas de pano.

O soldado de rosto vermelho atingiu o telhado, ricocheteou e girou por uma das janelas com um estrondo, desaparecendo na rua. A cabeça de Fulk bateu no bar, então o resto dele bateu na parede dos fundos, quebrando as prateleiras e enviando todas as canecas preciosas de Dalmore para o chão, onde se espatifaram em mil pedaços.

O barulho da cerâmica quebrando não tinha parado antes de eu ouvir gritos do lado de fora da pousada.

“Merda.” Subindo as escadas, gritei: “Camellia, vamos logo!”

Dalmore, que havia se abaixado na mesa do bar quando meu ataque de ciclone explodiu, levantou-se e olhou horrorizado ao redor de sua pousada. “Jasmine, o que você—” Ele ficou em silêncio enquanto seus olhos se fixavam em algo atrás do bar. “Ele está morto, Jasmine. Você matou ele.”

Envolta em uma calma isolante pós-batalha, caminhei lentamente até o bar e olhei. Com certeza, o pescoço do guarda de rosto achatado estava torcido de forma não natural e sangue escorria de um corte perto de sua têmpora. Ele estava definitivamente morto.

Passos leves na escada e um suspiro abafado anunciaram o retorno de Camellia.

“Jasmine, você está sangrando…”

Eu pressionei uma mão em meu machucado, e com certeza, estava sangrando. “Não é nada. Acabei de abrir minha ferida.”

Retirando o núcleo da besta do devastador do meu anel dimensional, coloquei-o na mesa do bar com um baque pesado e encontrei os olhos de Dalmore. “Desculpe por isso, Dal. Talvez isso possa cobrir o que eu devo a você.”

Um núcleo de besta de classe S traria ouro suficiente para reconstruir todo o bar antes que os alacryanos dominassem aqui. Eu não tinha certeza de seu valor em nosso novo mundo, mas esperava que isso o ajudasse. Apesar de toda a sua irritação, Dalmore foi gentil comigo.

Fiz um gesto para Camellia entrar e dei ao estalajadeiro silencioso um último aceno de cabeça antes de sair correndo pela porta.

Uma pequena multidão já havia se reunido em torno do soldado de rosto vermelho, que estava deitado no chão, apenas semiconsciente. Alguns deles observaram atentamente enquanto eu saía da Underwall.

Depois de verificar se Camellia estava me seguindo, eu me afastei da multidão, desci um beco entre dois prédios, então esperei por um par de guardas correndo antes de seguir em linha reta em direção à saída oeste.

Os portões da carruagem estavam fechados, mas os guardas não pareciam particularmente nervosos. Camellia e eu diminuímos o passo enquanto nos aproximávamos do portão menor que dava para o reino de Sapin.

O guarda do portão, aparentemente entediado, mal olhou para nós quando ele abriu o portão de ferro, permitindo-nos passar.

Tínhamos andado algumas centenas de metros da cidade quando ouvi os grandes portões das carruagens se abrindo. Uma dúzia de homens armados e blindados, todos soldados da Divisão Bulwark, estavam correndo para fora.

“Jasmine, eles são—”

“Nunca vão nos pegar.” eu disse com firmeza, colocando a Camellia nas minhas costas. Uma explosão de mana de vento surgiu ao meu redor, levantando uma nuvem de poeira que rapidamente nos camuflou e eu comecei a correr.


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RhythmD
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Rhythm
5 meses atrás

Que coisa em, tenso

ShinigamiGOD🔥D
Membro
ShinigamiGOD🔥
8 meses atrás

kkkkkk os cara tiveram sorte que só um morreu kkkk
agora pra onde ela vai com essa elfa…

Arthur LeywinD
Membro
Arthur Leywin
8 meses atrás

Ficaram todos vivos demais, e UAU, ela matou um fdp que a atacou

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