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The Divine Hunter – Capítulo 133

Sinais de Bruxo

Era noite na selva. Os dois bruxos encararam um ao outro no espaço aberto próximo à fogueira.

Com os joelhos dobrados, Roy abaixou sua espada até a cintura e se manteve nessa posição; a ponta da sua espada de treinamento apontava para o pescoço do seu oponente, se movendo lentamente para frente. Suas bochechas brilhavam por causa das chamas oscilantes.

O homem robusto e careca colocou a espada ao lado do seu rosto, ficando na posição do boi. A ponta dela estava direcionada ao rosto de Roy, enquanto seus olhos firmes âmbar brilhavam.

Ninguém fez um movimento por cinco segundos.

Foi então que uma brisa soprou. A esse ponto, Wilt relinchava próximo à fogueira. Como se isso fosse um sinal, a batalha começou.

Letho deu um passo rápido para frente, ainda com a ponta da espada destinada ao pescoço de Roy.

Se movendo para a diagonal, o garoto usou técnicas básicas para evitar ter o meio do seu pescoço cortado. Contanto que pudesse desviar do ataque, poderia fazer o seu movimento visando a garganta do oponente.

Contudo, no momento que as duas espadas colidiram, Letho parecia habilmente ter negado a força em sua lâmina, fazendo com que ela inesperadamente realizasse um arco para baixo, cortando o abdômen de Roy. Se essa fosse uma espada de aço, os órgãos dele já estariam espalhados pelo chão.

Mesmo sendo acertado, o bruxo não parou. Ele deu um passo para trás enquanto a arma na sua mão passou da vertical para a horizontal. Balançou-a para frente, visando atingir o denso pescoço do seu alvo.

Letho bloqueou o ataque.

As duas espadas colidiram e foram puxadas para trás antes que voltassem ao lugar, atos que se repetiam a todo tempo. Através das lacunas entre as duas lâminas, um par de olhos âmbar e um  dourado escuro se encontravam intensivamente.

Letho de repente lançou sua mão esquerda, que estava segurando o punho da arma, e agarrou o lugar onde as duas espadas se encontrariam. Seu polegar e os dedos restantes seguraram os dois lados da lâmina… e ele puxou.

As duas espadas eram como um par de tesouras fechando, que deslizava em direção ao seu corpo. Ao mesmo tempo, Roy aparentemente teve sua mão direita, que segurava a própria arma, empurrada para frente, como se houvesse uma roda girando perante ele. Conforme isso ocorria, o punho da espada bateu no seu cotovelo, instintivamente fazendo com que soltasse a espada. Em tal situação,  permitiu que Letho lhe tirasse a arma, seguindo com o movimento do bruxo mais velho como se tivesse cortando-lhe a garganta.

“Vigésima morte. Parabéns, garoto!” Letho guardou as duas espadas de treinamento e se sentou próximo à fogueira, tomando e apreciando um gole da bolsa de vinho.

Esse era o espírito de anão dado pelo Dennis Cranmer como presente de despedida.

“Mas não fique desencorajado. Comparado com os últimos dias, você fez um óbvio progresso e também começou a se adaptar ao seu corpo pós-mutação.”

“Tanto faz. Você ganhou de novo…” Roy suspirou e, curioso, perguntou: “Como me desarmou dessa vez?”

“Se chama Destruidor! A menos que a reação do inimigo seja tão lenta quanto uma preguiça, é difícil de usar, mesmo contra um novato como você, que está vestindo luvas de ferro pesadas.

Envergonhado com o que acabava de escutar, Roy não queria mais falar sobre isso com Letho.

Para se sentir melhor, foi de encontro ao Wilt, gentilmente acariciando a crina macia e quente do cavalo, e foi recebido com uma reverência do animal.

“Qual é a dessa situação com o cavalo? Só está com você há alguns dias. Acho que é um metamorfo fêmea disfarçado!” disse olhando para o animal. “Devemos dissecá-lo e dar uma olhada?”

“Irrinhó!”

“Não assuste o Wilt! Como eu disse, me tornei mestre em um método de treinamento especial. É você que não acredita em mim! E ele não funciona só em cavalos…” Roy olhou profundamente para o homem enquanto dizia isso.

“Não fale besteiras.” respondeu ao sentir um calafrio, porém não demonstrou em seu rosto, balançando a cabeça. “Sente-se, vou te ensinar algo novo nesta noite.”

“Certo. Isso soa interessante.”

***

A dupla estava novamente sentada diante da fogueira. Roy estava expectante com a perspectiva de aprender algo novo. Os olhos brilhavam, refletindo curiosidade. Letho falava baixo, e a sua voz viajava noite adentro, acima das chamas crepitantes.

“Antes de começar a lição,  vou te dar uma breve introdução dos Sinais dos Bruxos.

“Como uma mula, que é algo entre um cavalo e um asno, ela carrega características de ambos. Nós bruxos somos algo entre feiticeiros e plebeus. Nossa habilidade para lançar feitiços também está no meio disso. Então, sinal é um tipo de truque que é tão simples quanto feitiços. O poder de um sinal não é tão grande quanto o de um feitiço, mas também tem suas vantagens. Não requer um longo canto, um encantamento complicado, componentes materiais ou varinhas para ser realizado… Tudo o que precisa é concentrar o pouco poder mágico que tem no seu corpo junto a um simples gesto da sua mão, e rapidamente poderá lançá-lo. Se for habilidoso o suficiente, pode fazê-lo quase instantaneamente.”

“Não precisa recitar algo?”

“Não…”

“Sempre pensei que fosse necessário recitar alguns encantos em linguagem antiga para usar sinais,” curioso, o garoto disse. “sempre que você movia sua mão, seus lábios se mexiam também.”

Letho balançou a cabeça depois de escutar isso. Não esperava que Roy o observaria tão atentamente. Esse era o seu pequeno segredo.

“Isso não é importante. Fica frio aí.”

“Mas ainda estou curioso… o que você estava recitando?”

“Você está fazendo muitas perguntas, garoto…” Um pouco envergonhado, o rosto de Letho corou. “Certo, tudo bem contar pra você. É um pequeno hábito meu de quando aprendi os sinais… Dizer o nome dele silenciosamente enquanto o lanço para não cometer qualquer erro, e evitar confusão. Lentamente tornou-se um hábito que não consigo mais mudar. Se eu lançar um sinal sem dizer o seu nome, a força será afetada, mesmo que por um pouco.”

Roy imaginou uma cena em sua cabeça onde ele estava gritando enquanto lançava um sinal. Achou isso engraçado. Não  ia estar avisando o inimigo se fizesse algo do tipo?

Com certeza o garoto iria dar atenção extra a isso para não pegar a mesma mania.

“Ahem… voltando ao que estávamos falando.” O bruxo começou a andar por volta da fogueira. “Os sinais são divididos em cinco tipos: 

  • Igni, que controla as chamas;
  • Aard, que causa choques mentais;
  • Axii, usado para hipnotizar;
  • Quen, aquele que cria escudos de mana;
  • Yrden, que cria armadilhas mágicas ou fortalece objetos.

Todos têm diferentes gestos para serem lançados…”

Roy lembrou que há alguns anos atrás, Geralt usou Yrden para reforçar o caixão para prevenir que uma striga o quebrasse pelo lado de fora.

O rapaz interrompeu de repente para perguntar: “O escudo de mana que Quen invoca é usado principalmente para resistir a dano físico?”

“Sim, você pode pensar nisso como um casco de tartaruga transparente que segura espadas, flechas, mas não isola chamas, gelo ou ataques elétricos… também é eficaz contra feitiços, mas não tão bom quanto para ataques físicos.”

“Tem um sinal mágico especializado em defender contra magia?”

Letho parou. Seus olhos âmbar repentinamente se viraram para Roy. “Onde você escutou isso, garoto?”

Com a resposta, o bruxo confirmou seus pensamentos, mas não respondeu à pergunta dele. “Esse tipo de sinal é chamado de Heliotrop, certo? Mas nunca te vi usar.”

“Está além das minhas habilidades.” Letho suspirou e continuou dizendo “A razão pela qual só te contei sobre cinco tipos é porque a maioria dos sinais desapareceu com o tempo, incluindo o Heliotrop que mencionou.”

“Ele é mais difícil que os outros, e a maioria dos bruxos não consegue dominá-lo, o que fez com que eventualmente tenha sido esquecido… mas tem alguns bruxos de outras escolas que podem usá-lo. Outro tipo do sinal é o Kelanpufa, que pode produzir ilusões, e é conhecido por menos pessoas ainda…”

Certamente, havia sete tipos de sinais de bruxo, mas a grande maioria deles só controlava cinco deles.

“Não se preocupe, Letho.” Roy bateu no peito com seriedade e disse: “Vou trazer os dois sinais restantes de volta para nossa escola no futuro.”

Desdenhosamente, o  mais velho balançou a cabeça. “Espere até aprender primeiro os cinco básicos, e poder usá-los proficientemente em combate, antes de realizar suas ambições!” 

“Já que terminamos com a teoria, estique sua mão. Vamos colocar isso em prática…”

“Mão esquerda ou direita?”

“Se você é destro, geralmente usa os sinais com a esquerda, já que a direita vai estar segurando uma espada ou outra arma. O melhor jeito de lutar é usando ambas as mãos, então deve definir os papéis de cada uma desde já.” explicou.

Roy pensou em algo problemático. Se ele usa a espada com sua mão direita e uma besta na esquerda, com qual ele fará os sinais? Não, ele devia se adaptar a qualquer situação.

“Pode ser usado as duas mãos ao mesmo tempo, fazemos sinais diferentes em cada?”

“Não pense muito à frente. Mantenha os pés no chão.” Letho esticou a mão esquerda em frente ao Roy e fez um gesto desajeitado. “Preste atenção nos meus dedos, onde cada um deles está.”

O dedo indicador se dobrou na segunda junta, enquanto os outros quatro se esticavam, como um polvo abrindo seus tentáculos.

Roy balançou o punho, relaxando os músculos e ossos, e então imitou os movimentos dele, fazendo o mesmo gesto. Nada aconteceu de imediato, sequer sentiu qualquer magia. Então, fechou e abriu de novo, repetindo o mesmo gesto múltiplas vezes.

“Estou começando a sentir! Meu cotovelo parece estar ficando quente!”

Estava tão animado que o seu coração disparou. Isso quer dizer que tenho talento para sinais?

“O que está fazendo, garoto? O que tá fazendo com as mãos? Está errado!” 

Letho o trouxe de volta à realidade, agarrou a mão esquerda de Roy e arrumou seus dedos à força. Depois de gastarem dois minutos com isso, os dedos do rapaz estavam na posição correta.

“Esse é o gesto básico de Igni? Ugh… Minha mão parece estar com câimbra… o que faço agora?”

“Estique a mão e faça o gesto como se estivesse contornando o símbolo do sinal no ar… mais ou menos assim!” Letho fechou a palma, e repentinamente os estendeu em direção ao fogo. Dentro de um décimo de segundo, seu indicador dobrou na segunda articulação, seguido pelos outros que faziam isso em diferentes ângulos. Enquanto esticava a mão, desenhou um sinal completo no ar — um triângulo vertical.

“Boom —” 

Uma furiosa serpente de fogo cuspiu foi cuspida na fogueira, e as chamas floresceram e subiram, rapidamente alcançando a altura de uma pessoa. Depois do tempo limite de Igni ter sido alcançado, a fogueira retornou ao normal.

***

“Pôr em prática sempre é melhor do que uma simples explicação. Agora, sua vez!”

Roy parou de frente para o fogo, mantendo sua mão esquerda ao lado da cintura. Respirando fundo, virou e balançou a cabeça para Letho, que tinha uma expressão estranha no rosto. Abriu a mão de forma rápida, fazendo os gestos.

O calor fluiu do seus membros e correu através dos braços, ombros, antebraços e, finalmente, suas palmas. Vendo isso, Roy ficou animado.

Um milagre está surgindo!

“Puff —”

Uma faísca do tamanho de uma unha saiu da palma, a qual se extinguiu em um milésimo de segundo.

Mana – 1…

A fogueira não foi afetada em nada por aquilo.

***

Vento frio soprou, e  Wilt, o cavalo marrom, bufou, encerrando o silêncio sufocante.

“Hein, isso… Por que não consegui fazer direito?” Roy retraiu a mão esquerda e olhou para a própria palma, desapontado.

Letho virou a cabeça para o outro lado. As veias azuis em seu pescoço pulsavam, mas ele calmamente voltou sua atenção ao jovem com uma expressão gentil no rosto.

“Não fique desapontado, criança. Isso é normal. Na sua primeira vez, você está distante de ser proficiente nos gestos, e o seu controle de mana ainda é bruto… você tem que orientá-lo. Deve ter sentido isso agora mesmo, o poder abrasador de Ignis fluindo pelo seu corpo.”

“Guiá-lo? Como eu deveria fazer isso?”

Letho usou uma metáfora estranha para ensiná-lo. “Da mesma forma como você sabe como mijar. A magia está jorrando para fora de seus braços, da mesma forma como seu corpo excreta urina… o sinal mágico que você usou agora há pouco continha obviamente pouca mana. Você tem que usar mais! Em termos simples, você tem que mijar mais.”

“Mas como, se eu não consigo?” 

“Então, agarre-se nisso. Uh, quero dizer, a sensação. Entende?”

Roy olhou para a fogueira e suspirou. Essa noite seria mais outra que ia passar em claro…


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