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The Divine Hunter – Capítulo 134

A Vida Diária de um Bruxo

A luz do sol ardente caiu sobre o pântano. Vapor começou a subir, e algumas figuras verdes podiam ser vagamente vistas zunindo entre a fumaça fina.

Era um bando de afogados correndo descontroladamente.

Escamas cresciam aos montes em suas guelras lisas, e uma teia delicada conectava tanto os dedos das mãos, quanto dos pés, com o fim dos membros deles. Era como se tivessem pés de pato, então eles conseguiam nadar facilmente. Além disso, também tinham longas e afiadas orelhas, além de olhos brancos sem pupilas, parecidos com os de um paciente sofrendo com catarata. Logo abaixo dos narizes minúsculos, na boca, havia dentes afiados que se cruzavam um com o outro.

“@&%#…”

Um afogado que estava dançando na névoa parou repentinamente e, curioso, começou a escanear os arredores. O nariz dele se contraiu como o de um cachorro, virando-se à direita devido a um cheiro estranho. Uma figura segurando uma espada grande apareceu.

Comida! Carne!

Em um instante, animado, guinchou como um gato ao sentir cheiro de peixe; mostrando os dentes enquanto avançava contra a presa.

Whoosh…!

Um arco cintilante foi desenhado no ar, similar ao trovão estourando em um dia limpo. O afogado, que corria, parou de repente, e uma linha pintada com a cor de sangue se formou em seu pescoço.

Thud!

O corpo decapitado caiu no pântano raso, e a garganta, com um corte limpo, queimou por um fogo disforme. Apenas um pouco de sangue havia sido realmente derramado.

“@&%#…”

Outros cinco perceberam que alguma coisa tinha acontecido e pularam para fora da névoa a uma certa distância, avançando em direção à figura com as garras estendidas.

O assassino do afogado segurava a espada longa em frente a eles com a mão direita e, em seguida, agarrou o ar com a outra. Uma pequena besta de coloração cinza apareceu na mão dele.

Whoosh. Whoosh. Whoosh…

A corda da arma saltou, e o som de algo cortando o ar soou repetidamente. Roy ateou fogo imediatamente em três flechas, sendo que duas delas mudaram de direção no meio do ar. Três dos seres correndo em direção a ele pararam quando sangue explodiu entre os olhos e a testa deles, e caíram mortos logo depois.

Os outros dois afogados já tinham o alcançado, abrindo as bocas cheias de dentes irregulares e carne moída, para então soltar bafo de ar pútrido e quente.

O bruxo permaneceu calmo até o hálito fétido balançar o cabelo na testa. A besta desapareceu e, em um piscar de olhos, desenhou o sinal de um triângulo de cor azul com o dedo da mão esquerda.

Então, ele empurrou…

— Aard!

Boom!

Uma explosão alta levou a névoa para longe. Um fluxo de ar poderoso explodiu de dentro do sinal, capotando imediatamente um dos afogados.

“Temam!”

Os olhos do bruxo se tornaram vermelhos, e o último dos monstros perdeu de imediato a habilidade de controlar o próprio corpo, e correu para ser espetado pela lâmina. Gwyhyr perfurou facilmente a mandíbula, seguindo direto para o cérebro.

Splash…

Roy a puxou para trás, e o sangue deslizou pela arma brilhante enquanto cortava o ar. Então, usou o pé direito como suporte e girou enquanto cortava. Uma cabeça gigante foi atirada ao ar. Em menos de vinte segundos, todos os seis afogados se tornaram cadáveres.

“Afogados mortos. Experiência +20×6. Bruxo Nível 5 (1020/2500).”

O “Matador de Afogados” ofegou e chutou o cadáver do monstro enquanto limpava o sangue do rosto. Pegando uma adaga afiada, ajoelhou. Planejava recolher os espólios. 

Nem sequer o cheiro podre, o sangue espesso ou a carne pegajosa fizeram a expressão dele mudar. Era como se estivesse simplesmente fazendo o seu trabalho diário.

***

Depois de um tempo, o jovem bruxo, que havia acabado de coletar os materiais, patrulhou a outra metade do pântano de novo. Quando não pôde mais encontrar sinais de qualquer afogado, usou a água do pântano para limpar a sujeira da armadura de couro e pele, bem como se refrescar um pouco. Então, levou um saco de linho ensanguentado consigo ao sair do lugar.

Fora do pântano, uma figura careca e ainda maior, com os braços cruzados em frente ao peito, carregava saco de linho ensanguentado na mão da mesma forma.

“Como foi sua colheita, garoto?”

“Doze orelhas…” sacudiu o saco na sua mão para o homem careca, seu rosto sendo preenchido por desapontamento. “Seis afogados… ainda não tenho o suficiente!”

O careca sorriu, mostrando os dentes brancos enquanto erguia o saco na sua mão. “Tenho quatorze. Você perdeu. O jantar dessa noite é seu!”

“Haah, sortudo desgraçado! Já preparei meio mês de jantar.” A expressão do jovem bruxo estava repleta de frustração. Acenou com a mão. “Se  isso continuar, vou acabar me tornando um cozinheiro, não?”

“Está reclamando do quê? É um treinamento de habilidades para a sobrevivência.” Letho disse. Quando um pensamento cruzou sua mente, o lembrou: “Desta vez, não ouse me enganar de novo e cortar minha recompensas.”

“Pode confiar um pouco mais em mim? Sou o tesoureiro que você pessoalmente nomeou!” Roy disse enquanto começava a contar com os dedos. “Estou tentando simplesmente ser frugal e salvar algum dinheiro de antemão… Se quisermos fazer uma filial da Escola Viper nos reinos nortenhos, precisamos ganhar algum dinheiro para comprar uma propriedade fundiária. E então, precisamos renovar, comprar materiais… vai dar pelo menos dez mil coroas para cobrir todas as despesas. É por isso que precisamos planejar cedo.”

“Parou! Chega! Você é o chefe quando falamos de finanças!” A expressão do homem poderoso estava repleta de aborrecimento. Estava ficando com dor de cabeça conforme escutava todos aqueles números. “Pode ficar com metade das recompensas, mas precisa me deixar com algum dinheiro pra cerveja.”

***

Os dois deixaram Ellander por volta de meio mês. Também aceitaram alguns contratos para eliminar nekkers e afogados. Ganharam algum dinheiro, mas para Roy, a maior recompensa ainda era a experiência e as habilidades recém-aprendidas .

  • Sinais de Bruxo Nv. 1: Depois de ter sido ensinado pelos bruxos, você começou a dominar os cinco sinais básicos: Igni, Aard, Axii, Quen e Yrden.

O poder dos sinais está relacionado ao espírito e nível de habilidade de cada um.

***

O espírito de Roy supera o dos bruxos, mas os níveis dos sinais eram muito baixos, fazendo com que ele, apesar de gastar os mesmos vinte de mana, tivesse um poder bem mais abaixo que Letho.

Mas a parte mais estranha era que, toda vez que ele usava um sinal, a quantidade de mana gasta era diferente. Variava entre dez e vinte.

De acordo com Letho, isso acontecia, porque não havia dominado completamente os selos ainda, não podendo usá-los instintivamente. Ele ainda tinha um longo caminho para percorrer.

***

Os dois estavam conversando quando alcançaram uma vila simples a cerca de 500 metros de distância do pântano.

Vários homens fortes vestindo roupas de linho e lenços na cabeça os saudaram enquanto ainda estavam longe.

Não conseguiram esconder a prudência nos olhos quando olharam para os dois bruxos enquanto seguravam com força as enxadas, foices, forcados, além de outras “armas”, como se quisessem expulsar algumas feras terríveis.

Nesse momento, o chefe da vila, que tinha uma barba e coluna torta, andou para fora da multidão de dezenas de aldeões. Ele endireitou o pescoço, e então perguntou em um tom rígido: “Os afogados estão mortos?”

O jovem bruxo jogou os dois sacos pesados e ensanguentados para o chão e disse em um tom amigável: “vinte e seis orelhas de treze afogados. Pode contá-las. Não vai ter mais monstros do pântano incomodando vocês; estarão seguros por pelo menos um ano ou dois.”

O chefe da vila olhou para o aldeão forte perto dele, que imediatamente se dirigiu aos sacos e começou a contar. Então, acenou para os outros.

“Está certo. Treze afogados.”

O homem barbado conspirou mentalmente, e então pediu para alguém levar a eles o saco de coroas. “Aqui está a recompensa que prometemos. Não devemos mais nada um ao outro, então podem ir agora.”

“Espere, a quantidade parece não bater.” Assim que segurou o saco, Roy percebeu que algo estava errado.

“Aqui só tem cinquenta coroas, não é? Se me lembro bem, a quantidade que prometeram a gente foi de cem.”

“Pensam que somos idiotas? Acha que bruxos não sabem contar?”

Essa não era a primeira vez que encontravam aldeões que queriam dar pra trás com um acordo. Nem todos conhecem o poder dos bruxos. A maioria deles eram simples plebeus que acreditavam nos rumores selvagens, e como tal, desprezavam e odiavam os bruxos. Sabiam que eram bons caçando monstros, mas não tinham ciência sobre as lâminas nas mãos deles… que eram usadas também para matar tanto homens quanto animais.

“Aqueles que não sabem como respeitar os outros, não vivem muito.”

As pupilas douradas e escuras de Roy se tomaram um formato de diamantes enquanto ele escaneava o homem com intenções violentas. Parecia como uma besta que estava escolhendo a presa.

Letho permaneceu próximo, com os braços cruzados enquanto os músculos começaram a aparecer. Tinha uma expressão tão fria que poderia congelar um homem, e seus olhos estavam cheios de intenção assassina.

A atmosfera estava extremamente perigosa. O corpo magro do chefe da vila tremeu, mas os aldeões atrás dele estavam tentando criar coragem para dar um passo à frente e enfrentar os bruxos com suas enxadas e forcados em mãos.

“Isso é tudo que temos. Peguem o pagamento e vão! Ou não ganharão nem mesmo uma coroa!”

“Acha que bruxos são presas fáceis? Que podem nos intimidar da forma que quiser? Você precisa nos dar mais cinquenta coroas!”

Roy disse ameaçadoramente “Ou vamos levar suas cabeças!”

A mão direita dele seguiu em direção às costas para pegar Gwyhyr. Ainda havia uma mancha de sangue na borda brilhante da lâmina. Ele havia intencionalmente a deixado lá.

Quando os aldeões viram aquilo, os rostos deles se tornaram pálidos enquanto assistiam com horror. Finalmente haviam recuperado um pouco do senso. Os bruxos podiam facilmente matar dezenas de afogados, como supostamente iriam lutar contra eles?

Ao mesmo tempo, Letho, que era alto e forte, parecia ter recebido algum tipo de sinal, pois moveu o seu pescoço curto e grosso… e estalou os punhos gigantes.

“Na hora certa. Aquelas dezenas de afogados não foram o suficiente para mim.”

“Pare! Você pode levá-los!”

O barbudo finalmente sucumbiu e enxugou o suor frio na testa, rapidamente pegando outra bolsa de coroas e a jogou para eles.

“Uma centena de coroas no total! Nenhuma moeda a menos! Os dois estão felizes?!”

Roy, satisfeito, guardou a bolsa e trocou um olhar com o homem.

“O contrato está concluído. Adeus então, idiotas!”

“Uma palavra final de aviso. Nem todos os bruxos são amigáveis como nós.”

“Se tentar romper um acordo na próxima vez… cada pessoa em sua vila deve acabar morta.”

***

Uma vez que estavam longe o suficiente da vila enquanto levavam os cavalos, Roy perguntou curiosamente: “Se os aldeões não quisessem nos pagar, você atacaria?”

“Uma vez que tenham sido espancados e com algumas feridas, saberão naturalmente a importância da confiança e desistirão do dinheiro.” A voz do bruxo parou repentinamente conforme sua expressão se tornava fria. “Mas se tivessem ousado usar as armas…”

Roy entendeu. Letho já deve ter matado muita gente na sua longa vida.

Se atacassem os aldeões, isso ia significar que teriam que matar cada um deles. Se qualquer um sobrevivesse, o bruxo se tornaria um criminoso. Tem vários exemplos na história, e Roy conhecia muitos. No entanto, não pensou a fundo sobre a questão de matar ou não. Seus reflexos fariam a escolha por ele.

“Nunca saberemos se uma pessoa com quem fizemos um contrato é alguém de confiança ou alguém que vai quebrá-lo, mas tem uma coisa que podemos ter certeza. Noventa e nove por cento dos aldeões não dominaram a habilidade para matar Geralt ao cutucá-lo na cintura.”


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