Bargan franziu a testa ligeiramente enquanto olhava para a escuridão.
O monstro não estava se escondendo e atacando das sombras, porque não tinha confiança para enfrentá-los de frente.
Na verdade, estava fazendo isso apenas para poder aproveitar a caçada.
Por exemplo, mesmo que fosse dia em vez de noite, e eles estivessem em uma planície em vez de uma floresta, suas chances de ganhar ainda seriam muito pequenas.
Era por isso que Ashstar estava tão brava.
Para os extremamente orgulhosos Homens Dragão, esse tipo de morte era o mais vergonhoso. Desde o início, eles eram do tipo que não queriam nem mesmo uma morte pacífica onde pudessem deitar em uma cama, fechar os olhos e sorrir.
No entanto, eles agora foram reduzidos a nada mais do que presas e não podiam fazer nada além de esperar por suas mortes.
Para Ashstar, isso era um tipo de morte que ela nunca poderia aceitar.
No momento em que fez essa resolução silenciosa, Ashstar percebeu que todos os membros de seu esquadrão haviam desaparecido.
Para ser preciso, eles estavam todos mortos.
E, como se para zombar deles, chegaram a uma clareira.
Claro, eles não escaparam da floresta. Em vez disso, essa clareira representava o centro da Grande Floresta.
De pé no meio dessa clareira estava o agressor.
Como Bargan descreveu, era relativamente pequeno para um Dragonete.
Na verdade, sua aparência era mais próxima de um Homem Dragão do que de um Dragonete. Seu corpo esguio e o fato de estar sobre dois pés enfatizavam essa sensação.
O monstro tinha escamas negras, seis chifres afiados e uma cauda. Essa cauda, que parecia ser muito mais longa que seu corpo, estava apontada para o céu.
À primeira vista, parecia mais uma lança negra do que uma cauda.
No entanto, sua característica mais notável era o fato de estar coberto de sangue. Era desnecessário dizer a quem esse sangue pertencia.
Bargan falou com uma voz frustrada.
— Parece que está cansado de caçar. Provavelmente pretende nos encarar de frente.
— Há. Devo ficar feliz por morrer de uma maneira diferente?
Ashstar zombou.
Bargan olhou para seu porrete por um momento antes de falar em um tom suave.
— Eu devo ser capaz de segurá-lo por cerca de cinco segundos.
— Que surpreendente. Você planeja agir como isca.
Enquanto um lado chamava sua atenção, o outro daria o golpe final. Era o plano mais simples e eficiente que poderia ser usado na situação atual. Mas havia uma grande possibilidade de que aquele que tomasse o papel de isca morresse.
Não era possível que Bargan não soubesse disso.
— O meu porrete não consegue atravessar suas escamas. Mas sua arma pode ser capaz.
— Entendo…
Ashstar bufou.
— Bem. Nós dois vamos morrer de qualquer maneira se eu falhar.
[Ka, ka, ka.]
O Dragonete soltou uma risada sinistra como se tivesse ouvido a conversa entre eles.
E ao ouvir essa risada, Bargan e Ashstar dispararam ao mesmo tempo.
Ashstar tinha uma arma distinta e estilo de luta que lhe concedeu o título de “Açougueira”. Uma vez que ela designasse alguém como seu inimigo, nunca mostrava qualquer hesitação ou misericórdia ao abatê-los, e essa característica era exibida em suas lutas.
Uma pessoa de vontade fraca nunca seria capaz de vê-la lutar. O processo dela transformando lentamente seu oponente em carne picada com seu enorme sabre era chocante o suficiente para fazer muitos vomitarem.
Mas agora…
O renomado estilo de luta de Ashstar não pôde ser exibido.
Clang!
Seu sabre ricocheteou mais uma vez. Seu pulso doía como se tivesse batido em uma armadura de aço polido feita por um mestre artesão.
Era muito difícil.
Como escamas que não passaram por nenhum processo de fundição podiam ser tão duras?
Bargan parecia ter esperado que o sabre fosse capaz de cortar suas escamas, mas nesse ritmo, parecia que nunca aconteceria.
Whoosh!
A cauda longa e flexível se dobrou como um chicote, atingindo Ashstar e Bargan ao mesmo tempo. Sua cauda não era muito grossa. Pelo contrário, era bem fina e lisa.
Mas o baque que ela sentiu quando a cauda se chocou contra eles estava mais perto da sensação de ser atingida por uma enorme pedra.
Ela mal conseguia ficar de pé depois de rolar várias vezes pelo chão. Seu coração batia forte em seu peito.
Esse ataque havia quebrado pelo menos três costelas.
[Ka, ka, ka.]
O desgraçado não aproveitou a abertura. Em vez disso, ele simplesmente bateu palmas e riu deles.
Parecia que poderia matá-los a qualquer momento, e era verdade.
Nesse ponto, ela não conseguia nem sentir raiva. Deveria estar grata por ele ter poupado sua vida até agora?
Ashstar soltou uma risada.
Ela não podia acreditar que estava tendo tais pensamentos. A este ritmo, não poderia dizer quando iria finalmente bater as botas.
— Se isso continuar, nós dois vamos morrer.
— Provavelmente vai acontecer quando ele se cansar de nós.
Bargan murmurou baixinho antes de cuspir algo para o lado. Era um dente quebrado.
Ashstar estreitou os olhos enquanto olhava para o monstro na frente deles.
— É um Dragão Ancião?
— Provavelmente.
— Huu…
Dragão Ancião.
Ashstar tinha visto um Dragão Ancião antes. Não tinha sido tão pequeno, mas naquela época, ela sentiu uma sensação semelhante de desamparo.
Ela sabia que os Dragões Anciões não eram invencíveis. Eles também tinham pontos fracos. Era só que não conseguiam encontrá-los em suas circunstâncias atuais.
Estava simplesmente muito escuro. Suas escamas eram ainda mais escuras do que a noite ao redor deles, e se eles se concentrassem, não, mesmo que se concentrassem com tudo o que tinham, era tão rápido que poderia desaparecer em um instante.
De repente, Bargan falou.
— Sua cauda.
— O quê?
— Foque a cauda dele.
— As escamas em sua cauda também são duras.
— Ainda é melhor que seu corpo. Sua cauda é muito flexível, o que significa que terá muitas articulações, e as lacunas em sua cauda nesses pontos são os melhores alvos quando comparados a qualquer outro lugar.
— …
Era verdade.
Se sua experiência acumulada era útil ou não, isso era o melhor que ele conseguia pensar nessa situação.
Ashstar também achou que o plano de Bargan era muito bom, mas ela ainda apontou a grande brecha.
— Ele não vai morrer mesmo se cortarmos sua cauda.
— Mas ganharíamos uma arma.
— Você quer atacá-lo com sua própria cauda?
Era uma ideia muito louca.
Bargan respondeu em um tom monótono.
— Você tem alguma ideia melhor?
— …
Claro, ela não tinha.
Ashstar revirou os olhos levemente ao dizer:
— Tá bom. Tá bom. A única outra escolha é a morte de qualquer maneira. Mas essa não será nossa única chance de pegá-lo desprevenido?
— É por isso que temos que pegar a cauda antes que ela caia no chão e acertar um ponto vital com ela.
Havia apenas uma razão pela qual o Dragão Ancião estava tão relaxado naquele momento.
Porque não os via como ameaças.
Ou seja, baixou a guarda. Isso também significava que, no momento em que se tornasse vigilante, eles perderiam todas as esperanças de vencer.
O nível de dificuldade era absurdamente alto considerando que eles só tinham uma chance, mas essa era a realidade. Especialmente para os fracos que estavam à beira da morte.
No entanto, Ashstar sentiu-se grata naquele momento.
No mínimo, a possibilidade dela ter uma morte sem sentido se foi.
Mesmo que morresse agora, não sentiria nenhum arrependimento porque almejava uma chance de vitória, uma chance de tirar a vida do inimigo.
De repente, o Dragão Ancião começou a caminhar em direção a eles. Podia se mover mais rápido, mas estava andando devagar de propósito.
Com toda a honestidade, a visão de um Dragão Ancião caminhando em direção a eles era aterrorizante.
Se for difícil de entender, pense em um leão ou tigre de repente em pé sobre dois pés e caminhando em sua direção.
Era estranho.
Mas Bargan estava focado em outro fato que notou.
Suas costas estavam curvadas.
Em outras palavras, embora pudesse andar sobre dois pés, provavelmente estava mais acostumado a andar de quatro.
De repente, o Dragão Ancião desapareceu de suas vistas.
E ao mesmo tempo, Bargan e Ashstar focaram sua audição. Afinal, era quase impossível segui-lo com os olhos na escuridão.
Sshhk.
O som de algo se movendo entre os arbustos era fracamente audível.
Estava à esquerda.
Quando teve esse pensamento, Bargan aumentou a força com que agarrou seu porrete.
“Este provavelmente será o último ataque.”
Aguente firme uma última vez.
Com este desejo sincero em seu coração, Bargan balançou seu porrete para a esquerda.
Crack!
E imediatamente se partiu em vários pedaços. Tinha batido na cauda.
A cauda do Dragão Ancião quase poderia ser considerada como uma entidade independente. Isso porque parecia se mover como se tivesse uma mente própria.
Estrondo—
Os músculos de Bargan incharam muito.
Quando seu porrete se desfez, o Dragão Ancião deve ter ficado feliz. Mas Bargan pretendia desistir de sua arma desde o início.
Paak!
[!]