The Oracle Paths – Capítulo 662

Estas foram suas novas estatísticas depois de adquirir sua Classe Espiritual. Comparado aos nativos comuns, ele já era um total atípico. Era preciso ter em mente que a jovem recepcionista na frente dele tinha estatísticas variando de 1,1 a 7,3… E ela era nível  23.

“5… 5200!” Ela engasgou, piscando com um olhar estupefato em seu rosto enquanto verificava sua Constituição. Felizmente, ela deixou escapar em um sussurro ou não teria sido a única a parecer tão chocada. “C-como isso é possível?”

Quando olhou para o homem bonito à sua frente desta vez, não viu um cara bonito, mas um dragão em pele humana. Se Jeanie não tivesse mudado suas informações básicas como sua espécie, altura e peso, ela definitivamente suspeitaria que ele não era humano.

5200 pontos de Constituição? Mesmo uma barra gigante de Orichalcum não era tão forte. Se um meteorito ferir a Guilda dos Aventureiros de Lodunvals neste exato momento, nivelando a mansão e os guerreiros dentro, esse Jake seria, sem dúvida, o único sobrevivente. E ileso!

Tal humano em uma cidade tão remota e durante a guerra! Era mais do que um pouco suspeito!

“Algo errado?” Jake a tirou de seu discurso paranoico com o mesmo sorriso doce.

Ele poderia tê-la pressionado, até mesmo a quebrado mentalmente com um único pensamento, mas esse não era seu estilo. Preferia deixar os inocentes à vontade. Especialmente porque esta senhora infeliz já parecia muito perto de esgotar-se.

A recepcionista sentou-se bruscamente, respirando alto, depois gaguejou com voz rouca enquanto estremecia.

“Não, não, está tudo bem!” Ela mordeu o lábio para se livrar do medo e dos pensamentos negativos e então decidiu fazer seu trabalho. Quem quer que fosse esse… Jake Wilderth, não era da conta dela.

Jake a deixou trabalhar por alguns minutos, silenciosamente observando-a manipular um dispositivo semelhante ao Arcanitor que Jeanie havia usado anteriormente. Neste mundo, deveria ser o que eles usavam como computador, a julgar pela interface holográfica piscando diante dele.

Quando a Minmin realizou essas manipulações, ele foi incapaz de ler as marcas holográficas que pairavam sobre o artefato, muito menos interpretar seu significado. Era um pouco diferente agora.

Embora ainda não conseguisse entender o que estava escrito, sua mente analisava, decifrava e comparava esses símbolos quase instintivamente, com uma eficiência muito além do que sua inteligência deveria permitir. Era uma daquelas habilidades passivas de Gravador de Runas em ação.

‘Uma pena…’ Jake lamentou por dentro.

Como ele estava familiarizado com seu Status Digitalizado, saber o que essas palavras e seus respectivos símbolos significavam era fácil. Havia o suficiente para deduzir como esse alfabeto complexo funcionava, baseado em combinações de traços e padrões circulares.

Mas mesmo com as palavras que conhecia, não era suficiente para deduzir o significado das palavras exibidas nesta ‘tela’. O que a recepcionista estava digitando rapidamente naquela máquina, ele tinha apenas uma vaga ideia. Ainda assim, em poucos minutos, sua memória fotográfica registrou muitas informações e seu progresso nessa linguagem escrita foi mais rápido do que um aluno com um professor dedicado a orientá-lo pessoalmente.

Quando ela lhe devolveu sua carteira de identidade alguns momentos depois, seu status de aventureiro também foi adicionado às suas informações e ele não precisou de nenhuma ajuda para entendê-lo.

Por enquanto ele não tinha classificação, mas isso logo mudaria.

“Como Sua Alteza deseja nomear seu grupo de aventureiros?” Ela perguntou no tom mais educado que suas aulas de etiqueta lhe permitiam imitar.

Mesmo que esse humano parecesse agradável e acessível, ela agora se recusava a chamá-lo pelo primeiro nome. Suas identidades eram muito diferentes. Jake, é claro, não era tão mesquinho a ponto de implicar com ela. Mantendo um sorriso no rosto, ele fingiu que nada havia acontecido e continuou respondendo gentilmente.

“Nerds Myrtharianos.” Ele afirmou como uma coisa natural. Ele ainda não era fã desse nome de facção, embora ele mesmo o tivesse escolhido, mas era a melhor maneira de se reunir e lembrar aos outros membros espalhados por Quanoth que eles não estavam sozinhos.

A recepcionista achou o nome estranho, mas depois de anos no negócio já tinha ouvido tudo e não se importou muito. Ela digitou o nome na máquina e um segundo cartão foi produzido, junto com uma enorme pasta administrativa do tipo que Jake esperava nunca mais ver.

“Quanto ao seu rank de aventureiro, no momento ele não está preenchido. Por padrão, no entanto, você terá os mesmos direitos que um rank G.” A jovem explicou com um olhar envergonhado.

“E quais são esses direitos?” Jake perguntou distraidamente enquanto guardava a pasta e seu novo cartão.

Vendo esses itens desaparecerem magicamente, a recepcionista se afastou por um segundo, mas sua voz profunda a tirou de seu torpor.

“Não muitos para ser honesta, alteza. Você só tem acesso ao primeiro andar da guilda e recebe um desconto de 10% em reparos de equipamentos e compras de poções, desde que o faça através de nossa empresa. Essas vantagens permanecem válidas para todos as filiais operando em Quanoth. Em troca, você não precisa proteger a guilda em caso de ataque e pode até sair a qualquer momento para se juntar a outra.”

Jake assentiu pensativo e disse:

“Eu quero adicionar dois membros aos Nerds Myrtharianos. Como eu faço isso?”

A jovem ficou aliviada ao receber um pedido tão simples e explicou com um sorriso:

“É muito fácil. Tudo que você precisa fazer é trazer os novos membros para a guilda com sua carteira de identidade. Se você não puder estar presente durante a admissão, precisaremos de uma declaração sua por escrito e assinada.”

O rosto de Jake escureceu quando descobriu que a burocracia deste mundo não era muito diferente da da Terra. Como um ex-procrastinador, ele era um orgulhoso fóbico de administração e achava esses procedimentos burocráticos completamente dolorosos e indutores de ansiedade.

Ou pelo menos costumava. Agora ele só achava chato e uma perda de tempo.

Felizmente, ele e os dois futuros membros já estavam presentes, o que facilitou muito.

“Trash e Jeanie, entreguem suas identidades.” Jake ordenou serenamente.

A recepcionista não se surpreendeu quando o adolescente lhe deu seu cartão. Estava até feliz por ele. Pelo menos ele não morreria de fome com tal anormalidade ao seu lado.

No entanto, quando uma pequena fada envolta em uma auréola azul elétrica voou na frente dela com uma carteira de identidade pouco maior que um confete em suas mãos, ela não conseguiu conter o choque.

“Uma Minmin!”

Desta vez, não foram apenas algumas dúzias de olhares que focaram em Jake, mas literalmente todos os aventureiros na sala. Como um incêndio florestal soprando em um furacão, a notícia se espalhou rapidamente de sussurro em sussurro para os outros aventureiros e mercenários da guilda sem que Jake fizesse nada para detê-lo.

Em um instante, a atmosfera no prédio mudou drasticamente. De pacífico e animado a frígido e hostil. Jeanie ficou apavorada e imediatamente se escondeu em um vaso de flores sobre a mesa, enquanto Trash engolia em seco.

A recepcionista cobriu a boca com uma expressão horrorizada, ciente de que acabara de cometer um erro imperdoável, mas Jake nunca a culpou. Afinal, o valor de um Minmin era muito tentador.

A partir do momento que Jake decidiu deixá-los viajar com ele, decidiu considerá-los parte de sua equipe. Isso não significava que ele sacrificaria sua vida por eles, mas convidá-los para seu grupo era extremamente simples e provava suas boas intenções.

“Ei, você!” Um guerreiro barbudo e musculoso de dois metros de altura vociferou enquanto se levantava pesadamente de sua mesa onde acabara de perder uma grande quantidade de dinheiro jogando dados: “Vou comprar seu Minmin por 100 Auraes”.

Muitos dos mercenários apresentavam rostos sem fôlego quando ouviram a quantia. Em Quanoth, as moedas aceitas eram moedas de bronze, prata e ouro estampadas com a efígie do rei ou imperador de sua respectiva nação, mas a moeda final aceita absolutamente em todos os lugares do planeta eram as Auraes.

Parecia uma pequena moeda cristalina, pura e translúcida como diamante, mas uma energia misteriosa estava contida dentro. As Catedrais dedicadas a Aurae controlavam a circulação dessa moeda e eram as únicas que conheciam os segredos de seu processo de fabricação.

“Pare com essa porcaria, Holson! Todo mundo sabe que você não tem esse dinheiro.” Outro guerreiro peludo como um urso e com uma constituição ainda maior levantou-se de sua mesa. “Olha garoto, eu vou comprar por 90 Auraes agora mesmo. O que você diz?”

Jake então assistiu confuso enquanto os lances aumentavam para comprar a pequena fada, esses renomados guerreiros xingavam e ameaçavam uns aos outros para conseguir o acordo. Em nenhum momento algum deles sequer pensou em perguntar se ele estava disposto.

Vendo que esses brutos sem cérebro não estavam prestes a chegar a nenhum tipo de acordo, ele se virou para a recepcionista e ordenou calmamente:

“Termine o processo de registro.”

“Agora mesmo!” A jovem estressada fez uma reverência e se apressou para terminar sua tarefa. Graças a Deus ele não estava zangado com ela!

Um momento depois, ela devolveu seus cartões de identificação, e Jake agradeceu com um último sorriso que quase a fez desmaiar. Enquanto ela o observava desaparecer na multidão, e quando viu a multidão segui-lo… rezou pelas almas de todos aqueles idiotas.

Aqueles pobres tolos não tinham ideia no que estavam se metendo…