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The World After the End – Capítulo 150

A Grande Floresta (5)

— Jaehwan…?

— …

— Jaehwan!

Demorou um pouco para Jaehwan perceber que estava perdido em seus pensamentos. Runald já havia parado de chorar. Ao olhar para o garoto, sentiu como se pudesse ouvir a voz de Andersen de dentro.

— Você não parece bem. É por causa das feridas…

— Não. Você não estava chorando agora?

— Não posso chorar por tanto tempo, não sou criança.

Jaehwan tentou dizer algo a Runald, mas ele continuou:

— Então não seja tão sombrio. Isso não combina com você.

Não combina com ele? Eles estavam juntos por apenas alguns dias. Não havia tido tempo suficiente para dizer se combinava com ele ou não.

— O que combina comigo então?

— Hmm… Essa é uma pergunta difícil de responder, na verdade.

Runald meditou, mas rapidamente continuou:

— Você fica melhor quando age como uma criança teimosa de cinco anos.

— …

— Sabe, aquelas persistentes sempre empenhadas em fazer o que querem?

Foi estranho ouvir isso de uma criança de verdade. Jaehwan se arrependeu de ter perguntado, mas Runald continuou em um tom triste.

— Andersen também era assim, agora que penso nisso.

Ele parecia tão triste, Jaehwan percebeu que esse garoto queria falar sobre ela o tempo todo.

— Andersen. Ela sempre fazia o que os outros diziam não. Acho que você percebeu isso também, já que compartilhou o mundo dela por alguns dias.

Andersen nunca compartilhou suas histórias e Jaehwan nunca perguntou. Mas enquanto Andersen lia a memória de Jaehwan, ele também conseguia ler a dela.

— Todos abandonaram a Configuração [Nu], mas ela foi a única que a manteve até o fim. Ela disse que se há pelo menos um seguidor que acredita nesse mundo, então o Deus precisa ficar por esse mundo.

Enquanto Runald continuava, Jaehwan se lembrava do primeiro dia em que conheceu Andersen. Ela fez reclamações e comentários sobre o mundo estéril de Jaehwan, mas nunca expressou que o mundo dele estava errado. Ela sempre teve um pouco de preocupação em suas palavras.

Talvez soubesse disso o tempo todo. Por ter trilhado um caminho solitário, não queria que Jaehwan fizesse o mesmo.

— Andersen então…

Runald continuou falando sobre Andersen. Ele agia como se estivesse bem, mas parecia que não conseguia se livrar daquilo. Jaehwan pensou:

“Ele poderia ser um Deus melhor para Runald do que Andersen?”

Não tinha tanta certeza. Não era do tipo que liderava as pessoas. Foi o mesmo quando liderou a equipe na Torre dos Pesadelos, e quando se tornou o Mestre da Fortaleza no <Caos>. Ele fazia tudo sozinho e todos apenas o seguiam depois.

Isso causava muita oposição, e alguns até o traíram. Mas ele não se importava.

Mesmo sem a ajuda de ninguém, ele sempre fazia tudo sozinho.

Sua vida tinha sido uma via de mão única. Ele corria e corria. Sempre desafiava o impossível e, eventualmente, conseguia superá-lo. Ele conseguiu grandes feitos. As pessoas que se opunham a ele ficavam amedrontadas, temerosas e se distanciavam dele.

No entanto, ainda corria e corria. E aí foi parar naquele lugar.

E, neste momento, depois que Andersen morreu, finalmente percebeu algo.

Ele falhou miseravelmente desta vez. Talvez o caminho que tomou estivesse errado.

Runald ainda estava falando.

— Ah, acho que fugi do assunto. Então, o que estou tentando dizer é que não é típico de você fazer esse tipo de expressão. Especialmente essa cara de arrependimento que está fazendo agora!

— …

— Volte para seu rosto imprudente e teimoso! Por favor!

Com essas palavras, Jaehwan sentiu como se tivesse mergulhado em água gelada. Foi estranho. Era ele que simpatizava com o garoto, mas era Runald que o estava confortando.

Sim, a afirmação de Runald de que aquilo não combinava com Jaehwan estava correta. Realmente não combinava. Mesmo diante de muitas verdades, ainda havia fatos que não mudavam dentro dele.

O fato de que não mudaria mesmo assim.

O fato de que ainda iria correr de forma imprudente.

O fato de que ainda estaria sozinho.

E ser solitário.

Jaehwan sabia de todos esses fatos. Então se lembrou das últimas palavras de Andersen, esperando que Jaehwan fosse um bom Deus. Talvez Andersen estivesse errada sobre isso. Jaehwan olhou para Runald e o chamou.

— Runald.

— Sim?

— Não sou Andersen.

Os olhos de Runald se arregalaram. Ele então olhou para baixo e respondeu com uma voz triste.

— Eu sei…

— Não só isso, mas pode não ser uma boa ideia você vir comigo. Posso garantir que vai ser muito ruim.

Foi uma declaração. Os olhos de Runald se tornaram os de um cachorrinho esperando ser abandonado.

— As pessoas vão te desprezar e até te odiar. Mesmo quando não fizer nada, alguns vão tentar te matar só por ser meu seguidor.

— …

— Você ainda virá comigo?

Runald olhou para cima com olhos avermelhados e lacrimejantes. Parecia que não queria mostrar suas lágrimas enquanto cobria os olhos com a mão e sorria ao responder.

— Eu vou.

Sua voz soava como se estivesse esperando para dizer isso há muito tempo.

— Então vamos.

Jaehwan colocou a mão na cabeça de Runald por um momento e depois se virou para andar. Runald alcançou o ponto em sua cabeça onde a mão de Jaehwan esteve momentos antes e começou a seguir Jaehwan.

— Espere por mim!

Jaehwan pensou enquanto olhava para Runald que o seguia. Andersen estava errada. Não havia como Jaehwan se tornar um bom Deus. Mas…

Talvez, apenas talvez. Ele poderia se tornar um Deus fiel, pelo menos.

Um homem e um garoto. Ambos que compartilhavam o mundo único começaram a caminhar em direção à Grande Floresta.

Aquela era para ser uma visão de determinação, mas era um pouco estranho se outras pessoas a vissem à distância. Karavan, o vice-gerente de Ignis, que estava explorando, viu os dois indo em direção a ele e murmurou com uma expressão estranha.

— Que agitação toda é essa? Seja o que for, não fica legal enquanto se está nu…

Karavan balançou a cabeça em descrença.


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